A curva do amor

texto escrito em 03 de fevereiro de 2017

Gostaria de informar aos senhores que o amor é um risco. Mas não é um risco daqueles retos, que aprendemos a fazer com régua; está mais para uma curva, daquelas que desenhamos simbolizando um sorriso…

Uma curva que surpreende quem anda por ela, porque não é segura ou previsível como a reta. Ou talvez seja mesmo um monte de curvas, não se tratando apenas de um risco, mas de vários.

Onde ele começa? Onde termina? Pode ser daqueles breves, que só indicam a necessidade de algo mais; pode ser como uma onda, ansiando por constância… Não sei dizer! Porque no amor cada um é capaz de traçar seu próprio risco.

Como alguém que sempre amou traçar retas, ainda estou caminhando em aprender algo diferente. Não falo de um abismo ou de um escuro precipício – o amor não é isso! Falo de um caminho muito bem iluminado, em que precisamos aprender a reconhecer aquele que nos acompanha. Sim, existe um alguém que nos dá a mão, que nos olha nos olhos e nos acompanha na jornada. Mas o maior desafio não está ao nosso lado. O maior desafio está em perceber a luz guiando nossos passos… Essa luz quer nos mostrar que, em todas as curvas da vida, ainda existe um prêmio a nos esperar. Existe uma coroa de glória para aqueles que entendem que o amor é uma curva, dentre tantas, traçada em uma obra de arte muito rica em beleza e esplendor. Esse risco não nos cabe sempre calcular, porque o grande desafio está em olhar e contemplar a beleza do Artista traçando os muitos riscos em que caminhamos. Nós só vemos alguns palmos à nossa frente, Ele vê todo o percurso.

E então, quando o contemplamos, entendemos as muitas cores que essa obra tem. As muitas companhias e desafios, em tantas curvas… E percebemos que encontramos o principal em Seus olhos: a luz perfeita que ilumina todo o caminho, sem a qual não haveria cor alguma. É essa luz que enche nosso coração do verdadeiro amor, transbordando em forma de sorriso e entrega! É quando somos inundados por essa luz que podemos tomar a mão de quem está ao nosso lado, olhar de volta em seus olhos e assumir o risco do amor. É assim que podemos caminhar de mãos dadas da melhor forma possível. Até descobrirmos que aquela curva arriscada era só o canto de uma circunferência eterna. Um círculo sem fim, que canta e conta a beleza de seu infinito Criador!

Como aquietar em tempos difíceis

“Aquietem-se e saibam que eu sou Deus! Serei honrado entre todas as nações; serei honrado no mundo inteiro.” Salmos 46:10

Já faz algum tempo, desde bem antes dos dias escuros que estamos vivendo por causa do Corona vírus, que Deus vem trabalhando em meu coração a capacidade de aquietar. A palavra aquietar significa “tornar quieto; acalmar; sossegar”. Estar quieto é estar manso e calmo, algo que não é nada fácil para mim, que já sou inquieta e agitada por natureza, e que ainda por cima vivo em um tempo inquieto e agitado, do qual nenhum de nós escapa.

Mas agora estamos mergulhando também em uma situação nova e obscura, que não sabemos ao certo quando ou como terá fim. Se por um lado somos forçados a “aquietar” fisicamente, nos isolando, por outro lado estar à toa pode deixar o nosso coração bastante inquieto. Mais do que nunca, vejo a necessidade de falar de calma e paz que excedem circunstâncias, como também tenho aprendido em meu relacionamento com Deus. Para isso, quero compartilhar as primeiras decisões que tomei para enfrentar os dias que chegaram.

COMO AQUIETAR O CORAÇÃO EM DIAS DIFÍCEIS

Cuidar do alimento que dou à minha alma

Fiquei alguns dias sem entrar no instagram e no twitter, e estava usando apenas o Linkedin, acompanhando alguns noticiários e as principais atualizações. Quando voltei a usar o instagram, me assustei! Entendi o desespero que algumas pessoas mais próximas estavam sentindo. Não é que a situação não seja preocupante. Como graduada em Administração, tenho plena consciência, por exemplo, da crise e dos impactos que já estamos tendo na economia por causa do vírus. Mas me assustei com a intensidade que a angústia e a aflição estão sendo transmitidas nas redes sociais. É claro que se nos alimentarmos de desespero durante todo o dia, a única coisa que conseguiremos sentir e transmitir também é desespero! Só que é preciso considerar racionalmente no que a angústia nos ajuda. Você também percebe que ela só piora a situação?

Decidi limitar o tempo que gastarei em redes sociais, mesmo que seja tentador, em meio ao ócio, ficar ligada em tudo que todos têm dito. Eu não posso escolher as circunstâncias, mas posso escolher o alimento que dou ao meu coração, e eu não quero que ele tenha ainda mais motivos para se afligir e angustiar.

Saber quem é Deus

O verso 10 do Salmo 46 tem me ensinado que não basta buscar a quietude apenas no que não faço, mas é preciso escolher bem o que faço do meu tempo. Por isso, minha segunda decisão, e a mais importante, é passar o meu tempo na presença de Jesus! Passar os meus dias falando com ele, o ouvindo, me silenciando na presença dele, estudando e me alimentando da Palavra dele, cantando, adorando, dançando ao som de quem Ele é.

Não escolho ignorar as circunstâncias, mas decido que em minha casa, enquanto eu espero esse tempo passar, irei crer na bondade daquele que nunca muda; declararei para o medo que ele não é o meu senhor, mas que os meus dias, os dias da minha nação e de tantos que têm sofrido pertencem a um Deus perfeito, imutável e que tem poder para salvar!

Ele é meu lugar seguro, minha rocha, meu esconderijo e fortaleza! Escolho passar o meu tempo com ele, desenvolver nosso relacionamento, e sei que à partir disso ele vai abrir meus olhos também para o que precisa ser feito e que está ao meu alcance.

Te convido a não se render ao desespero, mas descansar naquele que aquieta tempestades.

você tem ossos de vidro?

2020 começa para mim em meus 25 anos. Há 10 anos, eu não imaginava viver nada do que vivo hoje. E disso, a primeira lição que registro é algo que aprendi em meu filme preferido:

“Minha querida Amélie, você não tem ossos de vidro, você pode suportar a vida. Se deixar passar esta chance, com o tempo, seu coração vai ficar tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto. Então vai, pelo amor de Deus!”

Foi o conselho que Amélie recebeu de seu amigo Raymond Dufayel, que sofria com a “doença dos osso de vidro”, no Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001). É o conselho que eu daria a mim mesma no início da última década: você pode suportar a vida. Mesmo que aos 15 anos você não faça ideia dos baques dolorosos que te aguardam, minha querida Thaís, você pode suportar, então vai! Vai! Abraça a vida, que ainda que te machuque, vai te trazer também boas surpresas que você não pode imaginar quão melhores serão do que o que você planeja em sua cabecinha.

Aos 25 você vai olhar pra trás e se orgulhar, porque a sua dor te tornou real e te fez caminhar em caminhos estreitos e floridos. Vai se alegrar, porque passada a chuva, você percebe que a dor foi o seu despertar e despertar te permitiu conhecer novas dimensões e viver novas aventuras. Então vai! Não tenha medo, porque o medo é pior que a decepção e é ele quem te aprisiona de fato.

Questione no tempo da dúvida; chore no tempo da dor; dance quando sentir vontade; grite se não aguentar mais (tá tudo bem); caminhe, caminhe, caminhe até que não aguente mais caminhar; vai chegar o tempo do descanso, vai chegar o tempo do renovo. E então, quando ele chegar, você vai olhar em seus olhos e sorrir, porque, na verdade, o tempo todo ele esteve de braços abertos a te esperar, era só uma questão de tempo. Você vai olhar em seus olhos e se sentir em casa pela primeira vez, mesmo no deserto. Ele vai te abraçar e contar seu precioso nome. Você achou que seria Descanso, mas na verdade é muito mais. Ele é o Alívio, Ele é a Rocha, Ele é o Destino; a Palavra, a Dança e o Sorriso; Ele é o Sol, a Chuva, o Plantio e a Colheita. Você verá que Ele esteve lá e seu nome será o Abrigo.

Você não tem ossos de vidro, minha querida. Pode ir muito mais do que imagina, porque Ele é a Salvação. Ele É.